Distantes Verões Verdes
As folhas preparavam
A despedida da
folhagem
Numa constituição apelativa
De formas coloridas, convidativas.
Um bardo viajava sequiosamente
Procurando uma ternura celestial
Que pudesse amar, sem causa.
Então houve um nascituro,
O romper do Outono político
Transbordando rios para a tristeza
E tingindo os campos verdes e belos
Agora sertanejados e sem cheiro.
Um ano voava e de volta
Os verões perpetuavam magia
E o cheiro era de puerícia
Crianças loucas correndo mil prados
Sorrindo suave e
incandescentemente
Para uma parede invisível
Que espera por eles, do outro lado
Parede que convida a um calor temperado
Àquelas duas almas infantis, inocentes
A tirarem a roupa, nuas, despojadas
Descobrindo o incalculável e irracional
Poder da sexualidade.
Na estiagem passageira da infância
Ao culto das sombras da maturidade.
Um homem desejava reinar o estio.
Mas naquele ano não houve se não o Inverno
Por isso ele não podia ser Rei.
Também para ele não havia o fado
E por isso, também nunca fora destinado
Era apenas alguém, à procura de algo
Não ousava tocar na tarde mística inviolada
Desejava apenas um leito de pedras
E um lugar para lufar a última brisa
Do verão que passava, suave e cansado
Dando lugar a mais um Outono seco
Assim como a vida dá lugar à morte
E a morte lugar à vida.
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